"Hoje tava pensando nessa grande confusão de sentimentos que é a vida, lembrei da primeira vez que ela me pregou uma peça, o nome dele era Harry era meu melhor amigo do cursinho e morava três ruas acima da minha casa.
Eu sempre fui muito moleque, na época eu tinha dezesseis anos e falava palavrões aos quatro ventos, meiga feito um cavalo, pra mim ele só me via como um amigo, é to usando no masculino mesmo "amigo", porque era bem assim que os outros meninos me viam, fazíamos apostas, andávamos em bando, minha vó dizia pra minha mãe que se ela não tivesse me tido não saberia o preço dos pecados dela. Enquanto as meninas da sala eram preocupadas com cabelo e maquiagem, eu ficava de guarda enquanto  meninos murchavam  os pneus dos carros daqueles professores pé no saco do colégio. E ai eu me pergunto, o que o Harry viu em mim? Só sei que em uma manhã de sábado, eu acordei com um SMS dele dizendo que me amava, tipo, não como uma parceira de confusão, mas como  menina.
Meu coração disparou e não sabia o que dizer pra ele, era tudo novo demais pra mim. Mas juro, eu queria gostar dele do mesmo jeito, porque foi horrível ver ele se chatear comigo daquele jeito sabe, se afastar, ele já não me chamava para correr na rua e tocar a campainha dos vizinhos. Doeu em mim, mas eu sei que talvez tenha doido muito mais nele, ele deixou de lado uma pessoa que era amiga e agora seu novo amor.
Agora vem a grande lição pra mim, hoje eu posso sofrer o mesmo, confundir as coisas, não porque eu quero, mas porque o coração não escolhe de quem gostar, ele não usa convivência ele vem pra bagunçar mesmo. E o Harry? Ah, encontrei ele outro dia, ta feliz inclusive namorando uma guria mais velha.
Se tivéssemos ficado juntos quem sabe  ele não estaria tão bem como agora.
A vida é assim mesmo, o lance é que nem sempre estamos preparados para a próxima jogada."
- Grazy Paiva - DÉCADA DE 90

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